Começo por este tema porque constatei ao longo da vida que é um tema que se presta a equívocos.
Os alunos, desde cedo, são avaliadores dos seus professores mais criteriosamente do que se julga. Como crianças que são, aderem ao professor “compincha” e permissivo, o que é natural e previsível perante um “aliado” das suas brincadeiras. Mas, quando chega a altura de porem em questão a própria aprendizagem, é como professor que o avaliam, não como companheiro. E, se há indisciplina, embora esta advenha dos alunos e estes dela abusem, peça-se-lhes a verdadeira opinião e logo se verá como sabem ser lucidamente críticos.
Sempre fui vista pelos meus alunos como exigente (muito exigente para alguns). Guardo para outro post o aspecto dos comportamentos, cinjindo-me neste à exigência no trabalho e na aprendizagem.
Os alunos mais velhos (tive a experiência até ao 9º ano) sabem apreciar essa exigência, desde que acompanhada por todo o apoio e todas as oportunidades para superarem as dificuldades. Mas os mais novos, muitas vezes, só a apreciam quando a recordam posteriormente.
Sobre isto, teria bastantes testemunhos para deixar. Fico por um, a título de exemplo.
Quando ainda lecionava só no 2º Ciclo, encontrei no autocarro uma ex-aluna que tinha transitado para o 7º ano. Trunco o diálogo para não me alongar e também porque tenho que me cingir ao que a memória reteve:
_ Setôra, tenho-me lembrado tanto de si! …… Confesso que cheguei a achar qua a setôra era injusta, eu trabalhava tanto e nunca mais me dava o cinco! ……. Agora é que eu vejo como era preciso que puxasse sempre mais por mim…… Eu agora vejo bem como teria dificuldades no 7º ano se não tivesse puxado por mim daquela maneira.
De facto, só lhe dei o cinco – então certo segundo os meus critérios – no final do 6º ano, apesar de se tratar de uma aluna com esse nível nas outras disciplinas. E creio que este episódio muito antigo, que poderia repetir com outros parecidos, demonstra o que disse acima.