sábado, junho 18, 2011

Já estava de luto pela Cultura, agora estou de luto pela Educação Escolar

Exceptuando o que toca ao novo Ministro da Educação, não comento o novo elenco ministerial, não só porque cabe pouco no âmbito deste blogue, mas também porque não tenho dados para opinar. Melhor dizendo, as questões ideológicas já estão fora da ordem do dia desde os resultados das eleições, em que, num sistema democrático, o povo é soberano (mesmo que possa mais tarde perceber que foi iludido pelas campanhas que nada esclareceram concretamente). Restam as questões de competência política e técnica para execução do programa imposto externamente, e é sobre essas que não tenho dados. 

Também vou escrever pouco sobre o novo Ministro da Educação porque, embora tenha fundamentos para estar de luto, todos têm o direito de vir a mudar, sobretudo se for por meio (meritório) de estudo que permita colmatar grandes e graves ignorâncias demonstradas fora da sua área de especialidade. Esta hipótese obriga-me a algum benefício da dúvida.

Erigido a comentador, algumas das suas ideias sobre educação-ensino preocupam-me. Mas preocupa-me ainda mais o facto de ter revelado duas facetas num livrinho que escreveu, promovido por largo tempo aos "tops" das livrarias e obtendo grande popularidade:
- Ignorância sobre  verdadeiros conceitos da teoria e da investigação internacional no âmbito da Psicologia Cognitiva, ridicularizando-os por confusão com pseudoconceitos em voga, embora não na comunidade científica.
- Falta de rigor (para não dizer falta de honestidade intelectual) ao ridicularizar, mediante um ou outro exemplo isolado e caricato,  ideias que os professores nunca tiveram, bem como ao ridicularizar o pensamento de figuras prestigiadas no campo da Educação e da Psicologia Educacional através de curtíssimas citações totalmente retiradas do contexto em que se inseriam, deturpando ou omitindo o real pensamento das pessoas citadas.

Eu poderia escrever um muito mais longo texto comprovando o que acabo de dizer, mas dispenso-me de o fazer já que comecei por conceder algum benefício da dúvida. No entanto, como não é bonito (leia-se "honesto") fazer sequer insinuações sem as provar, remeto o leitor para a 1ª Parte de um livro que comprova o que eu disse, embora eu tenha constatado o que disse por discernimento meu baseado em conhecimento  directo antes de ler o livro que cito:
Álvaro Gomes (2006), "Blues pelo Humanismo Educacional?". Eds Flumen.

2 comentários:

SoftFred disse...

Lembro-me de o ouvir falar de uma forma bastante dura e crítica contra a Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, o que me deixou uma boa impressão do ministro agora anunciado; mas não o conheço de lado algum a não ser da TV, algumas vezes em conjunto com o Prof Medina Carreira.
Por isso, por enquanto e para mim, está bem. Pode avançar. É claro que eu gostaria de ter outra equipa ministerial que não esta; mas a minha opinião não venceu as últimas eleições, pelo que tenho de me sujeitar ao que a maioria dos meus pares permitiu que seja o novo governo; e só posso desejar que governe bem, ainda que num sentido que me parece, de todo, a continuação da descida: de vitória em vitória, até à derrota final.
Não sei se este é governo para governar nos próximos quatro anos, como espera Passos Coelho. Sei que, por enquanto, todos se querem esconder atrás destes que deram um passo em frente; mas também sei que quando o pau começar a bater, muitos dos meus pares vão mudar de opinião, (infelizmente são bipolares) e andarão nas manifestações contra o governo que elegeram.
Nessa altura, avançam os da segunda linha, o que é sempre uma boa manobra militar, para refrescar o combate e trazer a primeira linha à retaguarda para reagrupar; mas isto aqui é civil e os da primeira linha não vão querer ser substituídos pelos da segunda, pelo que me palpita que acabarão todos embrulhados uns com os outros, perante os olhares de desprezo dos inimigos e o sofrimento da grei que eles juraram defender. Esperemos que não. A ver vamos.

IC disse...

SFred, obrigada pela visita e pelo comentário.
Infelizmente, para os professores basta alguém ter sido crítico com MLR (também fui muito) para ficarem todos contentes por verem esse alguém em ministro da Educação.
Mas eu não o conheço só da TV (até raramente o ouvi na TV). Sei bastante sobre o pensamento dele - aliás, foi até há pouco presidente da SPM (Sociedade Portuguesa de Matemática - não confundir com a APM - Associação de Professores de Matemática - de que me mantenho sócia). Da SPM deixei há muito de ser sócia - teve à frente grandes figuras, quem a viu e quem a vê agora...
Enfim... para mim, parece que vivo num pesadelo.
Um abraço.