Nos tempos idos em que escrevia assiduamente neste blogue, de vez em quando punha o título "Intervalo", embora quase sempre não durasse mais do que dois ou três dias pois logo havia um acontecimenro ou uma nova notícia relativa à política educativa que de imediato me gerava o impulso de escrever/comentar.
Actualmente e desde há bastante tempo, acontece-me o contrário: Quando, de vez em quando, me vem a intenção de retomar a escrita neste cantinho tão abandonado, é essa intenção que não dura mais do que dois ou três dias.
Relato os dois motivos disso, desdobrando o primeiro em jeito de balanço:
1.1.
Iniciado este blogue em Maio de 2005, o objectivo (como já tenho dito) era escrever memórias, antigas ou da véspera, do "terreno" - da escola, da sala de aula, e especialmente do ensino-aprendizagem da Matemática. Logo a seguir, surgiu a Ministra da Educação MLR, suscitando a centração na política educativa, embora não tenha deixado de escrever as memórias e haja nos arquivos deste blogue bastantes textos contribuintes (desculpem a falta de humildade) para a renovação de práticas de ensino, para a minoração do insucesso escolar (não só, mas principalmente na referida disciplina), para a motivação dos alunos e para a sua formação global visando a educação para a autonomia.
1.2.
Com a aposentação, fiquei sem as memórias "da véspera", mas acho que as antigas, apesar dos novos tempos, não perderam actualidade. O que me desmotivou foi o facto de a blogosfera docente (com raríssimas embora excelentes excepções) não ser também um espaço de partilhas de práticas e de experiências/iniciativas bem sucedidas no sentido da motivação dos alunos, da criação de auto-confiança em tantos que a não têm, e da inovação positiva, geradoras da diminuição do problema da indisciplina e de uma aprendizagem significativa, efectiva e de qualidade.
Porque, embora a política educativa também seja decisiva e tenha tido consequências desastrosas nos últimos anos, ela não pode interferir (a menos que o professor não se importe) na acção na sala de aula, tal como nem a melhor das políticas educativas pode resultar sem essa acção - aberta ao auto-questionamento, à reflexão crítica, ao estudo pessoal e à renovação.
Mas... o que o professor poderá fazer, repensar ou inovar na sua prática lectiva individual ou colaborativa não era, salvo excepções, o que suscitava interesse e conferia "popularidade" aos blogues.
Porque, embora a política educativa também seja decisiva e tenha tido consequências desastrosas nos últimos anos, ela não pode interferir (a menos que o professor não se importe) na acção na sala de aula, tal como nem a melhor das políticas educativas pode resultar sem essa acção - aberta ao auto-questionamento, à reflexão crítica, ao estudo pessoal e à renovação.
Mas... o que o professor poderá fazer, repensar ou inovar na sua prática lectiva individual ou colaborativa não era, salvo excepções, o que suscitava interesse e conferia "popularidade" aos blogues.
Desmotivei-me então, não pelo meu bloguezito cujos contributos seriam um grãozinho bem pequenito, mas pela perda de oportunidade dos docentes para fazerem da blogosfera também um espaço de trocas, de partilhas - um espaço formativo, pois não há professor que saiba tudo de melhor e não tenha novas ideas a receber.
2.
- Actualmente, quanto a qualquer contributo da minha experiência profissional, nada é preciso que escreva, pois o manancial riquíssimo e incansável de textos extremamente formativos do blogue Terrear do JMA, quer quanto à Educação directa, quer quanto à organização das escolas dentro da possível autonomia que lhes é permitida pela Tutela, tem tantos e tantos contributos sugestivos e importantes que, se eu escrevesse (ou se escrever), nada mais teria que fazer senão referir e manter em destaque por mais tempo alguns desses textos que, no Terrear, saiem demasiado depressa do campo de visão da primeira página para os decerto muitos professores para quem o Terrear é uma grande referência, mas que não podem visitá-lo diariamente (há lá posts que me levam a pensar que gostava que o blogger tivesse como que uns pregos para os deixar pendurados no topo por muito tempo).
- Também me falta o tempo para a blogosfera devido não só a horários de assistência familiar, mas também porque ando com uma ocupação pessoal gostosa para mim (porque é criativa por meio da Matemática) e bastante absorvente.
A minha decisão:
Nos tempos idos, este meu blogue era também um cantinho meu como que não virtual, mas real, que nos tais "intervalos" eu gostava de deixar bonito, com um poema, uma canção ou uma reprodução de alguma das obras dos meus pintores preferidos, para, de vez em quando, me sentar no cantinho por uns momentos.
Decidi recuperar essa faceta parcial, muito provavelmente para este cantinho se tornar o blogue que ninguém lê ou vê - mas que não crie teias de aranha e eu possa voltar a vir por uns momentos que me apeteçam ou me repousem.
Sem comentários:
Enviar um comentário