... apelo à solidariedade de todos os que estão no activo. Não digam "isto não é comigo", pois, além de não poderem prever o que virá a ser "consigo", pelo menos é com a Educação na Escola Pública.
segunda-feira, janeiro 31, 2011
quinta-feira, janeiro 27, 2011
As palavras estão gastas
Poema Adeus, de Eugénio de Andrade, interpretado por Luís Gaspar.
Com o agradecimento à Amélia Pais
Com o agradecimento à Amélia Pais
domingo, janeiro 23, 2011
Libertando-me de um (mau) pensamento
São 23.30h. Bate-me na cabeça um pensamento. Como tenho que ir pensar noutras coisas, nada como escrevê-lo para libertar a cabeça.
Seria deselegante algum mau perder. É (no mínimo) deselegante ter um mau ganhar.
sexta-feira, janeiro 21, 2011
Os meus primeiros "Conjuntos de Julia"
Deixo aqui registado um OBRIGADA ao meu amigo Jean Pierre (scratcher consagrado) pela sua prenda de Natal: um programa feito no Scratch (e para o Scratch), que acabara de criar a fim de que este pudesse "aguentar" e fazer funcionar on-line aquele tipo de fractais (uma espécie de compressão por desdobramento das pesadíssimas listas de variáveis dos célebres "conjuntos de Julia").
E cá ando eu (re)estudando matemática e resolvendo os meus quebra-cabeças com as programações... :)
NOTA aos eventuais visitantes: Os projectos publicados no Scratch Mit Edu* só podem ser visualizados tendo o Java instalado (de preferência actualizado) e muitos, que implicam fórmulas matemáticas, podem não funcionar, ou funcionar com lentidão insuportável, se o computador não tiver memória suficiente. (Mas não causa qualquer dano clicar para verificar)
Clicar na imagem para aceder e visualizar
____________
* É uma enorme comunidade onde são publicados diariamentes muitos projectos de autores de quase todos os países do mundo, desde crianças ou adolescentes, até adultos com diversas formações, tais como matemáticos e físicos (cada um tem o seu espaço). As programações podem ser vistas por quem esteja inscrito (inscrição grátis), mediante rápido download de projectos que abrem automaticamente no programa pessoal (também grátis). E talvez o mais interessante seja que muitos scratchers adultos analisam os projectos de garotos sugerindo-lhes correcções, cada um tem os seus "amigos" e vai conhecendo outros (como no FaceBook, por exemplo), e alguns dos "consagrados" até têm um espaço para os miúdos porem lá os seus projectos quando precisam de ajuda. Também a equipa responsável seleciona os projectos entrados (deve ser uma enorme equipa), premiando regularmente alguns com o destaque na primeira página, seguindo um critério muito louvável e muito estimulante para os garotos, que é o de destinar grande percentagem de prémios-destaques a selecionar entre os que se vê logo que são juvenis (embora também destaquem entre os projectos de programação avançada).
terça-feira, janeiro 18, 2011
Os meus Intervalos - II
Depois de, no post anterior, ter relatado (mais uma vez?) os motivos da minha desmotivação para a escrita neste blogue e de ter finalizado com a decisão de o tornar (quase) apenas como aquele cantinho que também, outrora, tinha intervalos que o tornavam para mim como que não virtual, mas como se fosse um cantinho real onde, de vez em quando, me apetecia ir sentar por uns momentos para repousar perante um poema, uma canção ou uma reprodução de alguma obra de arte, hoje inicio essa decisão. Não importa que o nome do blogue se mantenha, pois as memórias estão nos seus arquivos, nem que agora passe, muito provavelmente, a ser "O blogue que ninguém lê nem vê". É o meu cantinho.
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
Não basta abrir a janelaPara ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
Fernando Pessoa, Não basta abrir a janela.
René Magritte (1936), La clef des champs
segunda-feira, janeiro 17, 2011
Os meus Intervalos - I
Nos tempos idos em que escrevia assiduamente neste blogue, de vez em quando punha o título "Intervalo", embora quase sempre não durasse mais do que dois ou três dias pois logo havia um acontecimenro ou uma nova notícia relativa à política educativa que de imediato me gerava o impulso de escrever/comentar.
Actualmente e desde há bastante tempo, acontece-me o contrário: Quando, de vez em quando, me vem a intenção de retomar a escrita neste cantinho tão abandonado, é essa intenção que não dura mais do que dois ou três dias.
Relato os dois motivos disso, desdobrando o primeiro em jeito de balanço:
1.1.
Iniciado este blogue em Maio de 2005, o objectivo (como já tenho dito) era escrever memórias, antigas ou da véspera, do "terreno" - da escola, da sala de aula, e especialmente do ensino-aprendizagem da Matemática. Logo a seguir, surgiu a Ministra da Educação MLR, suscitando a centração na política educativa, embora não tenha deixado de escrever as memórias e haja nos arquivos deste blogue bastantes textos contribuintes (desculpem a falta de humildade) para a renovação de práticas de ensino, para a minoração do insucesso escolar (não só, mas principalmente na referida disciplina), para a motivação dos alunos e para a sua formação global visando a educação para a autonomia.
1.2.
Com a aposentação, fiquei sem as memórias "da véspera", mas acho que as antigas, apesar dos novos tempos, não perderam actualidade. O que me desmotivou foi o facto de a blogosfera docente (com raríssimas embora excelentes excepções) não ser também um espaço de partilhas de práticas e de experiências/iniciativas bem sucedidas no sentido da motivação dos alunos, da criação de auto-confiança em tantos que a não têm, e da inovação positiva, geradoras da diminuição do problema da indisciplina e de uma aprendizagem significativa, efectiva e de qualidade.
Porque, embora a política educativa também seja decisiva e tenha tido consequências desastrosas nos últimos anos, ela não pode interferir (a menos que o professor não se importe) na acção na sala de aula, tal como nem a melhor das políticas educativas pode resultar sem essa acção - aberta ao auto-questionamento, à reflexão crítica, ao estudo pessoal e à renovação.
Mas... o que o professor poderá fazer, repensar ou inovar na sua prática lectiva individual ou colaborativa não era, salvo excepções, o que suscitava interesse e conferia "popularidade" aos blogues.
Porque, embora a política educativa também seja decisiva e tenha tido consequências desastrosas nos últimos anos, ela não pode interferir (a menos que o professor não se importe) na acção na sala de aula, tal como nem a melhor das políticas educativas pode resultar sem essa acção - aberta ao auto-questionamento, à reflexão crítica, ao estudo pessoal e à renovação.
Mas... o que o professor poderá fazer, repensar ou inovar na sua prática lectiva individual ou colaborativa não era, salvo excepções, o que suscitava interesse e conferia "popularidade" aos blogues.
Desmotivei-me então, não pelo meu bloguezito cujos contributos seriam um grãozinho bem pequenito, mas pela perda de oportunidade dos docentes para fazerem da blogosfera também um espaço de trocas, de partilhas - um espaço formativo, pois não há professor que saiba tudo de melhor e não tenha novas ideas a receber.
2.
- Actualmente, quanto a qualquer contributo da minha experiência profissional, nada é preciso que escreva, pois o manancial riquíssimo e incansável de textos extremamente formativos do blogue Terrear do JMA, quer quanto à Educação directa, quer quanto à organização das escolas dentro da possível autonomia que lhes é permitida pela Tutela, tem tantos e tantos contributos sugestivos e importantes que, se eu escrevesse (ou se escrever), nada mais teria que fazer senão referir e manter em destaque por mais tempo alguns desses textos que, no Terrear, saiem demasiado depressa do campo de visão da primeira página para os decerto muitos professores para quem o Terrear é uma grande referência, mas que não podem visitá-lo diariamente (há lá posts que me levam a pensar que gostava que o blogger tivesse como que uns pregos para os deixar pendurados no topo por muito tempo).
- Também me falta o tempo para a blogosfera devido não só a horários de assistência familiar, mas também porque ando com uma ocupação pessoal gostosa para mim (porque é criativa por meio da Matemática) e bastante absorvente.
A minha decisão:
Nos tempos idos, este meu blogue era também um cantinho meu como que não virtual, mas real, que nos tais "intervalos" eu gostava de deixar bonito, com um poema, uma canção ou uma reprodução de alguma das obras dos meus pintores preferidos, para, de vez em quando, me sentar no cantinho por uns momentos.
Decidi recuperar essa faceta parcial, muito provavelmente para este cantinho se tornar o blogue que ninguém lê ou vê - mas que não crie teias de aranha e eu possa voltar a vir por uns momentos que me apeteçam ou me repousem.
terça-feira, janeiro 11, 2011
Hoje apetece-me o poema e a canção...
Poema de Rosalia de Castro cantado por Amancio Prada.
Com o agradecimento à Amélia Pais, que mo deu a conhecer.
segunda-feira, janeiro 03, 2011
Sugestão aos professores de Matemática
Clube de Matemática
Como diz o JMA, que divulgou este site no Terrear, vale a pena adicionar aos "Favoritos".
(Não, o responsável não é NC)
sábado, janeiro 01, 2011
Esperança começa por acreditar nas crianças/alunos
Via referência do JMA no Terrear, trago para aqui uma parte de um relato de uma professora no Vox Nostra. E o que eu gostaria de deixar dito neste primeiro dia do Novo Ano, é dito no último parágrafo por essa professora. Porque acredito convictamente que todos os alunos são capazes de aprender, podendo é ter as aptidões escondidas ou bloqueadas, e que mesmo os que parecem não querer, lá no fundo gostariam de aprender.
(...)
Sou professora de uma turma Ninho do 8º ano, e quando o Ninho foi formado no início do ano, a professora titular forneceu-me algumas informações relativamente aos quatro alunos que iriam ficar comigo. O C. foi o aluno que me chamou mais à atenção, não só porque, segundo a colega, era um aluno com imensas dificuldades de concentração/ atenção, de aprendizagem, mas sobretudo com dificuldades de relacionamento. Logo na primeira aula, o C. isolou-se na sala (e a sala é bem pequena), mal levantava a cabeça, mal respondia às minhas solicitações, era introvertido, e quando os colegas falavam com ele, ele simplesmente ou não respondia, ou dizia qualquer coisa “entre dentes”, imperceptível. Percebi mais tarde que não gostava de aulas, e estava ali por obrigação. Sempre que eu ia para as aulas, pensava numa forma de motivar o C., mas infelizmente saia sempre com um enorme vazio, fracasso, e incapacidade de lidar com este desafio. No entanto, eu continuava a acreditar…
O primeiro conteúdo programático a ser leccionado no 8º ano, e em termos de revisão/ consolidação, foi o texto poético. Todos nós sabemos a dificuldade que existe em conquistarmos os alunos com este tipo de texto, porém, é para mim um prazer enorme “inventar” estratégias/ actividades para os cativar e levá-los a gostar de poesia. Só que nenhuma delas funcionava com o C., e ele continuava no seu canto, em silêncio, no seu mundo. Inesperadamente, e sem pensar em qualquer tipo de intenção, comecei a reparar que nalgumas aulas, o C. fazia uns “rabiscos” no seu caderno. E numa aula, aqui sim, intencionalmente, e a propósito de uma poesia de Eugénio de Andrade, “Paisagem”, perguntei ao Ninho quem sabia desenhar. O C. levantou a cabeça, os colegas responderam de imediato: “O C. stora!”. (Confesso que era esta a reacção que eu esperava). Ele olhou para mim, e eu perguntei: “Queres ir ao quadro C.? Quero desafiar-te.” Incrédula, vi o C. levantar-se, dirigir-se ao quadro, e agarrar na caneta que estava na secretária. “Que quer que eu faça, stora?”, perguntou ele. Senti uma alegria interior. O C. estava a ter um diálogo comigo! E foi aí que o desafiei: “Quero que pintes o poema que os teus colegas acabaram de ler. Vou pedir-lhes para lerem o poema devagar, e tu vais desenhando o que ouves.” E assim foi. Começou a desenhar, cada linha, cada verso, cada imagem que ia “ouvindo”. E nós, cá atrás, estávamos sem palavras. Sem reacções. Apenas olhávamos, em silêncio, cada traço, cada curva, cada figura do C.. E no final, todos aplaudimos. Eu, com uma enorme satisfação, abracei-o, e tirei uma fotografia da “pintura”. O C. sorriu, agradeceu, e manteve o mesmo sorriso até ao final da aula. A partir desta aula, a atitude do C. mudou completamente. É o primeiro a chegar à aula, quer participar, ir ao quadro, tomar apontamentos no caderno diário, e até escrever. Sim, ele escreveu um poema!
(...)
É com esta “história fantástica” e exemplificativa, que pretendo mostrar a todos (as) os (as) colegas que é possível acreditar, mesmo quando pensamos que não vamos conseguir. Não desistam. Dentro de cada aluno, há uma resposta e um sinal, mais precisamente uma chave, para chegarmos até eles. Sucesso não é só levá-los a atingir resultados, é sobretudo levá-los a ganhar confiança neles próprios, e levá-los também a acreditar que são capazes de conseguir.
"Roubado" daqui - texto integral
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