A fase do computador como factor de motivação
A minha escola acabara de receber sete computadores devido a uma candidatura mediante projecto. Ficou, pois, com uma sala de Informática e foi logo incluída no currículo do 6º ano a disciplina de "Iniciação à Informática", a funcionar em desdobramento das turmas.
Essa disciplina deixava suficientes tempos livres na sala para que pudesse ser requisitada para outras aulas. Não tive dificuldade durante esse e os aninhos seguintes (até à minha aposentação), pois comecei por ser quase o único professor da escola que a requisitava e, mais tarde, quando outros (não muitos) o faziam para a Área de Projecto, tivemos mais uma sala apetrechada com computadores na sequência da introdução da disciplina TIC no currículo do 9º ano, do qual tínhamos só ora duas, ora três turmas. (Hoje essa situação de facilidade não se verificaria, é um tipo de situação própria de fases iniciais nas quais começa por haver apenas uns poucos pioneiros, mas agora há os portáteis - e quanto a ter o professor um só computador na sala de aula para seu uso poderá ser bastante útil noutras disciplinas, mas para a minha pouca utilidade teria, a meu ver)
Nessa minha primeira fase, eu não deixava de ter a perspectiva do uso dos computadores pelos alunos como meio propício à construção, produção, criação pelos próprios, mas eram poucas as unidades do programa da disciplina que se prestavam a isso, tanto mais que não tinha software específico para a matemática. Assim, comecei a deslocar de vez em quando a aula para a sala dos computadores também para meros exercícios que só diferiam de exercícios de rotina da aula pela interactividade, o ambiente visualmente atraente e por darem automaticamente a pontuação obtida pelos alunos, o que conferia algum carácter de jogo/desafio. Mas, nessa altura, eram raros os meus alunos que tinham computador em casa, este era novidade para a maioria, todos sem excepção ficavam contentes e entusiasmados quando eu anunciava que teríamos a aula na sala dos computadores.
Foi, pois, uma fase em que também usei o computador como quase mero elemento sedutor - como factor de maior gosto ou de motivação para os menos motivados. Tinha algum trabalho acrescido, até porque inicialmente ainda não tinha descoberto esse prático e fácil recurso que era (e é) o HotPotatoes, preparando as actividades com base no FrontPage mas com inclusão de códigos buscados na net. E os alunos gostavam muito, não se importavam de se sentarem incomodamente em grupos e organizavam-se muito bem para corresponderem à minha exigência de que todos participassem (o que controlava e verificava, claro).
Mas, como já disse, essa foi uma fase. Toda a vida considerei que os alunos não precisam de ser infantilizados, puxar/desafiar com o devido apoio e confiança sempre foi uma constante que me deu muitas oportunidades de constatar que não só correspondiam quase sempre às minhas expectativas, como as excediam bastantes vezes.
Assim, aquele tipo de actividades/exercícios passaria a ser reservado para aulas de final de período, para descontracção, bem como para o contributo do meu departamento para as actividades não curriculares de escola no último dia do período lectivo.
Deixo umas recordações (print screen)...
(O primeiro da Páscoa não era só para a Matemática, pedi perguntas a outros professores)
Da minha fase seguinte falarei noutro post.