terça-feira, junho 26, 2012
segunda-feira, junho 11, 2012
O país está com a memória tão curta??
10 minutos que demonstram como a ganãncia do poder passa por cima da honestidade e da vergonha...
catastroika
"Todas as experiências feitas com a privatização e desregulamentação falharam mesmo em economias das mais poderosas do planeta. Os maiores falhanços prenderam-se com infra-estruturas como caminhos de ferro, água e redes eléctricas."
A MAIORIA DOS PORTUGUESES CONHECE, NO ESSENCIAL, O QUE ESPERA COM A IDEOLOGIA EM QUE VITOR GASPAR CRÊ CEGAMENTE E... CONSENTE!
Os filhos não perdoarão a apatia dos pais.
http://youtu.be/Qam7h1jMIwI
A MAIORIA DOS PORTUGUESES CONHECE, NO ESSENCIAL, O QUE ESPERA COM A IDEOLOGIA EM QUE VITOR GASPAR CRÊ CEGAMENTE E... CONSENTE!
Os filhos não perdoarão a apatia dos pais.
http://youtu.be/Qam7h1jMIwI
domingo, junho 10, 2012
Se nossos governantes estivessem à altura deste discurso...
(Ainda não consegui o vídeo)
Discurso do Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Prof. Doutor António Sampaio da Nóvoa (Aqui)
Lisboa, 10 de junho de 2012
As palavras não mudam a realidade. Mas ajudam-nos a pensar, a conversar, a tomar consciência. E a consciência, essa sim, pode mudar a realidade.
As minhas primeiras palavras são, por inteiro, para os portugueses que vivem situações de dificuldade e de pobreza, de desemprego, que vivem hoje pior do que viviam ontem.
É neles que penso neste 10 de Junho.
A regra de ouro de qualquer contrato social é a defesa dos mais desprotegidos. Penso nos outros, logo existo (José Gomes Ferreira). É o compromisso com os outros, com o bem de todos, que nos torna humanos.
Portugal conseguiu sair de um longo ciclo de pobreza, marcado pelo atraso e pela sobrevivência. Quando pensávamos que este passado não voltaria mais, eis que a pobreza regressa, agora, sem as redes das sociedades tradicionais.
Começa a haver demasiados “portugais” dentro de Portugal. Começa a haver demasiadas desigualdades. E uma sociedade fragmentada é facilmente vencida pelo medo e pela radicalização.
Façamos um armistício connosco, e com o país. Mas não façamos, uma vez mais, o erro de pensar que a tempestade é passageira e que logo virá a bonança. Não virá. Tudo está a mudar à nossa volta. E nós também.
Afinal, a História ainda não tinha acabado. Precisamos de ideias novas que nos deem um horizonte de futuro. Precisamos de alternativas. Há sempre alternativas.
A arrogância do pensamento inevitável é o contrário da liberdade. E nestes estranhos dias, duros e difíceis, podemos prescindir de tudo, mas não podemos prescindir nem da Liberdade nem do Futuro.
O futuro, Minhas Senhoras e Meus Senhores, está no reforço da sociedade e na valorização do conhecimento, está numa sociedade que se organiza com base no conhecimento.
Há a liberdade de falar e há a liberdade de viver, mas esta só existe quando se dá às pessoas a sua irreversível dignidade social (Miguel Torga).
Gostaria de recordar o célebre discurso de Franklin D. Roosevelt, proferido num tempo ainda mais difícil do que o nosso, em 1941. A democracia funda-se em coisas básicas e simples: igualdade de oportunidades; emprego para os que podem trabalhar; segurança para os que dela necessitam; fim dos privilégios para poucos; preservação das liberdades para todos.
Numa situação de guerra, Roosevelt sabia que os sacrifícios têm de basear-se numa forte consciência do social, do interesse coletivo, uma consciência que fomos perdendo na vertigem do económico; pior ainda, que fomos perdendo para interesses e grupos, sem controlo, que concentram a riqueza no mundo e tomam decisões à margem de qualquer princípio ético ou democrático. É uma “realidade inaceitável”.
Em mar de águas revoltas, é preciso manter o rumo, ter a sabedoria de separar o acessório do fundamental. A Europa não é uma opção, é a nossa condição. Uma Europa com uma nova divisa: liberdade, diversidade, solidariedade.
A Europa é o nosso futuro, mas não nos iludamos. Ou nos salvamos a nós, ou ninguém nos salva (Manuel Laranjeira). Falemos, pois, de Portugal e dos portugueses.
Pelo Tejo fomos para o mundo… mas quantas vezes estivemos ausentes dentro de nós? Preferimos a Índia remota, incerta, além dos mares, ao bocado de terra em que nascemos (Teixeira de Pascoaes).
A Terra ou o Mar? Portugal ou o Mundo? A pergunta foi feita por todos aqueles que pensaram Portugal.
No final do século XIX, um homem da Geração de 70, Alberto Sampaio, explica que as nossas faculdades se atrofiaram para tudo que não fosse viajar e mercadejar. Nunca nos preocupámos com a agricultura, nem com a indústria, nem com a ciência, nem com as belas-artes. As riquezas que fomos tendo “mal aportavam, escoavam-se rapidamente, porque faltava uma indústria que as fixasse”, e o património da comunidade, esse, “em vez de enriquecer, empobrecia”.
Nos momentos de prosperidade não tratámos das duas questões fundamentais: o trabalho e o ensino. Nos momentos de crise é tarde: fundas economias na administração aumentariam os desempregados, e para a reorganização do trabalho falta o capital; falta o tempo, porque a fome bate à porta do pobre. Então a emigração é o único expediente: silenciosa e resignadamente cada um vai partindo, sem talvez uma palavra de amargura.
Este texto foi escrito há 120 anos. O meu discurso poderia acabar aqui. Em silêncio.
Senhor Presidente da República,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
É esta fragilidade endémica que devemos superar. O heroísmo a que somos chamados é, hoje, o heroísmo das coisas básicas e simples – oportunidades, emprego, segurança, liberdade. O heroísmo de um país normal, assente no trabalho e no ensino.
Parece pouco, mas é muito, o muito que nos tem faltado ao longo da história.
Porque Portugal tem um problema de organização dentro de si:
- Num sistema político cada vez mais bloqueado;
- Numa sociedade com instituições enfraquecidas, sem independência, tomadas por uma burocracia e por uma promiscuidade que são fonte de corrupção e desperdício;
- Numa economia frágil e sem uma verdadeira cultura empresarial.
Estão a surgir, é certo, sinais de uma capacidade de adaptação e de resposta, de baixo para cima. Precisamos de transformar estes movimentos numa ação sobre o país, numa ação de reinvenção e de reforço da sociedade.
Chegou o tempo de dar um rumo novo à nossa história.
Portugal tem de se organizar dentro de si, não para se fechar, mas para se abrir, para alcançar uma presença forte fora de si.
Não conseguiremos ser alguém na Europa e no mundo, se formos ninguém em nós.
Não é por sermos um país pequeno que devem ser pequenas as nossas ambições. O tamanho não conta; o que conta, e muito, é o conhecimento e a ciência.
Senhor Presidente de República,
O convite de V. Ex.ª, que muito agradeço, é um gesto de reconhecimento das universidades e do seu papel no futuro de Portugal.
Em Lisboa, na célebre Conferência do Casino (1871), Antero disse o essencial: A Europa culta engrandeceu-se, nobilitou-se, subiu sobretudo pela ciência: foi sobretudo pela falta de ciência que nós descemos, que nos degradámos, que nos anulámos.
Antero tinha razão e o século XX ainda mais razão lhe veio dar. O drama de Portugal, do nosso atraso e da nossa dependência, tem sido sempre o afastamento de sociedades que evoluíram graças ao conhecimento e à ciência.
Nas últimas décadas, realizámos um esforço notável no campo da educação (da escola pública), das universidades e da ciência.
Pela primeira vez na nossa história, começamos a ter a base necessária para um novo modelo de desenvolvimento, para um novo modelo de organização da sociedade.
É uma base necessária, mas não é ainda uma base suficiente.
Existe conhecimento. Existe ciência. Existe tecnologia. Mas não estamos a conseguir aproveitar este potencial para reorganizar a nossa estrutura social e produtiva, para transformar as nossas instituições e empresas, para integrar uma geração qualificada que, assim, se vê empurrada para a precariedade e para o desemprego.
É este o nosso problema: a ligação entre a universidade e a sociedade. É esta a questão central do país: uma organização da sociedade com base na valorização do conhecimento.
Insisto. Apesar de todos os contratempos, Portugal tem hoje uma capacidade instalada, nas universidades e na ciência, que nos permite sair de uma posição menor, periférica, e superar o fosso tecnológico que se cavou entre nós e a Europa.
Não temos tempo para hesitações. As universidades vivem de liberdade, precisam de ser livres para estarem à altura do que a sociedade lhes pede.
É por aqui que passa o nosso futuro, pela forma como conseguirmos ligar as universidades e a sociedade, pela forma como conseguirmos que o conhecimento esteja ao serviço da transformação das nossas instituições e das nossas empresas.
É por aqui que passa o nosso futuro, um outro futuro para Portugal.
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Também Lisboa se está a transformar graças à criação, à energia da cultura e da ciência, graças aos estudantes que aqui chegam de todas as partes do mundo.
Lisboa é dos poetas. Em abril, a poesia esteve na rua e fez-nos emergir da noite e do silêncio. A poesia volta sempre à rua, através desta língua que é a nossa mátria, desta língua que nos permite estar connosco e com os outros, nas comunidades que nos multiplicaram pelo mundo e nos países que são parte de nós.
25 anos depois, não esqueço José Afonso: Enquanto há força, cantai rapazes, dançai raparigas, seremos muitos, seremos alguém, cantai também.
Cantemos todos. Por um país solidário. Por um país que assegura o direito às coisas básicas e simples. Por um país que se transforma a partir do conhecimento.
Não podemos ser ingénuos. Mas denunciar as ingenuidades não significa pôr de lado as ilusões, não significa renunciar à busca de um país liberto, de uma vida limpa e de um tempo justo (Sophia).
Foi esta busca que me trouxe ao Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
sábado, junho 09, 2012
Gostar do professor - II
Creio que não tem sentido perguntar se um aluno gosta do professor sem uma pergunta prévia: O professor gosta do aluno?
Que impressão me causava ouvir um(a) colega dizer, num Conselho de turma, “não gosto nada dele(a)”! E, mesmo que disfarce, não há aluno que não “sinta”, para não falar daqueles alunos que, tendo baixo autoconceito, a investigação constata que tendem para grande desconfiança mesmo quando não é verdade que o professor não gosta dele.
Neste segundo post sobre o tema, propus-me focar o aspecto da exigência do professor quanto aos comportamentos: Os alunos gostam de professores não permissivos, e severos face a maus comportamentos, nomeadamente faltas de respeito?
A minha resposta é segura: Sim, gostam, mas com a condição de que constatem que o professor os respeita sempre e que gosta deles – costumamos dizer que se trata do professor que pune com uma mão (em sentido figurado, claro) tendo sempre a outra pronta a encorajar e ajudar.
Não me vou deter em relatos dos poucos casos em que um aluno me faltou ao respeito em toda a minha vida profissional. Mas não omito uma verdade: depois de ter tratado os casos com grande (muito grande!) severidade (e muito à minha maneira, indiferente quanto a sanções legisladas), esses foram dos alunos que mais ganhei em respeito e consideração. Porquê? Porque, por muitos erros que tenha cometido como professora, nunca a condição que referi acima faltou a um aluno meu, acho que isso era inato em mim.
Prefiro deixar o relato de um caso que tem muito a ver com a tal pergunta prévia: “O professor gosta do aluno?”
O M. começara o 5º ano, e eu não comecei da melhor forma com ele. Era pouco amigo do estudo e mostrava-se agressivo. Nas primeiras semanas, a nossa relação falhou, foi má. E o caso andava na minha cabeça.
Planeei então falar com o M. daquela maneira que às vezes usei – perguntas de chofre, frontais e com autenticidade.
Na primeira oportunidade em que o encontrei no recreio (íamos ter aula), detive-o e disse-lhe que tínhamos que falar. Comecei por dizer que a nossa relação não estava nada boa e, logo de seguida: “Não gostas nada de mim, pois não?” Lembro-me bem de que ele ficou hesitante, eu disse-lhe que podia ser sincero, que não ficaria aborrecida senão não perguntava, e o M. então respondeu “Não gosto muito...”. De imediato (eu cá tinha a minha ideia), perguntei: “E achas que também não gosto de ti, não é?”
Pronto, estava começada a conversa pelo lado que eu pretendia.
Já não recordo os pormenores dela, sei que lhe expliquei que não era verdade, que eu gostava muito de ser professora e gostava de todos os meus alunos, mas que tinha que ser severa com maus comportamentos, que isso não significava que não me preocupasse com todos e que estava a conversar com ele porque gostava dele e era preciso que ele colaborasse,….. enfim, terá sido mais ou menos isto.
Penso que basta contar o fim: Estávamos perto da sala de aula, a turma esperava à porta, e o M. disparou a correr para junto dos colegas : “A professora de matemática gosta de mim!” – ouvi-o repetir, aos saltos.
Diz-se que quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto. Mas não, não estou a ampliar nadinha. Isto foi há muitos anos, ficou na minha memória, e o M., que até é meu vizinho, ainda hoje é meu amigo. Na altura, logo a nossa relação mudou, o M. nunca mais voltou a ser agressivo e tive nele um colaborador durante os seus 5º e 6º anos, como lhe pedira.
quinta-feira, junho 07, 2012
Gostar do professor - I
Começo por este tema porque constatei ao longo da vida que é um tema que se presta a equívocos.
Os alunos, desde cedo, são avaliadores dos seus professores mais criteriosamente do que se julga. Como crianças que são, aderem ao professor “compincha” e permissivo, o que é natural e previsível perante um “aliado” das suas brincadeiras. Mas, quando chega a altura de porem em questão a própria aprendizagem, é como professor que o avaliam, não como companheiro. E, se há indisciplina, embora esta advenha dos alunos e estes dela abusem, peça-se-lhes a verdadeira opinião e logo se verá como sabem ser lucidamente críticos.
Sempre fui vista pelos meus alunos como exigente (muito exigente para alguns). Guardo para outro post o aspecto dos comportamentos, cinjindo-me neste à exigência no trabalho e na aprendizagem.
Os alunos mais velhos (tive a experiência até ao 9º ano) sabem apreciar essa exigência, desde que acompanhada por todo o apoio e todas as oportunidades para superarem as dificuldades. Mas os mais novos, muitas vezes, só a apreciam quando a recordam posteriormente.
Sobre isto, teria bastantes testemunhos para deixar. Fico por um, a título de exemplo.
Quando ainda lecionava só no 2º Ciclo, encontrei no autocarro uma ex-aluna que tinha transitado para o 7º ano. Trunco o diálogo para não me alongar e também porque tenho que me cingir ao que a memória reteve:
_ Setôra, tenho-me lembrado tanto de si! …… Confesso que cheguei a achar qua a setôra era injusta, eu trabalhava tanto e nunca mais me dava o cinco! ……. Agora é que eu vejo como era preciso que puxasse sempre mais por mim…… Eu agora vejo bem como teria dificuldades no 7º ano se não tivesse puxado por mim daquela maneira.
De facto, só lhe dei o cinco – então certo segundo os meus critérios – no final do 6º ano, apesar de se tratar de uma aluna com esse nível nas outras disciplinas. E creio que este episódio muito antigo, que poderia repetir com outros parecidos, demonstra o que disse acima.
Regresso ao meu bloguesito
As minhas memórias estão desactualizadas. No entanto, creio que há aquisições pegagógicas que são válidas em todos os tempos.
Neste blogue, guardo recordações. Mas a minha experiência de vida de professora-educadora guarda algumas constatações. Apetece-me escrevê-las a pouco e pouco, ao sabor da disponibilidade. Raríssimos as lerão, mas este meu cantinho é um pedacinho da minha vida profissional.
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