sexta-feira, setembro 21, 2007

Intervalo forçado

Alguns percalços sucessivos levam-me a fazer um intervalo, desta vez um tanto involuntário. Voltarei a postar quando retomar o quotidiano normal.
Entretanto, irei espreitando os blogues amigos.
Bom trabalho para todos!
Aré já :)

terça-feira, setembro 04, 2007

Memórias do uso das TIC na sala de aula - II

Envolvimento dos alunos

Disse no post anterior que em meia dúzia de anos ou pouco mais ficam desactualizadas e toscas iniciativas tidas no âmbito das TIC no ensino. Mas são memórias, hoje vou deixar uma aqui guardada.

Eu já aprendera a construir páginas web com o FrontPage e mais umas inclusões manuais no html, procuradas e achadas na net. Aprendera, com umas dicas de um amigo, criando uma página para o meu neto, que acabara de fazer cinco anos. Podia dizer que ainda nem passaram nove anos, mas é mais adequado dizer que passaram quase nove anos, pois, neste campo, isso é imenso em termos de novos recursos e técnicas.

A minha escola ainda não tinha recebido aqueles sete computadores que ganhara num concurso mediante projecto, mas havia de um a três no Centro de Recursos (variação consoante avarias à espera de reparação), herdados de "velharias" de outra escola com mais sorte no apetrechamento devido a ser a sede do nosso centro de formação. Lancei numa minha turma de nono ano (a da minha direcção de turma) a proposta de construirmos uma página de Matemática da nossa escola, a ser alojada após aprovação do presidente simultaneamente do CE e CP (a escola ainda não tinha site).

Não tínhamos horário para lhes ensinar a parte técnica(*), eles participariam (após a parte inicial de sugestões para a estrutura, componentes e 'visual') nos conteúdos - procura de curiosidades relacionadas com a Matemática para uma das secções, de passsatempos matemáticos para outra secção, e de problemas um pouco do tipo quebra-cabeças de níveis de dificuldade apropriados respectivamente para 2º e 3º ciclo e destinados a um concurso mensal a que qualquer aluno poderia responder por mail desde que se identificasse, incluindo turma e escola (o prémio era apenas ver o seu nome na net, na lista dos vencedores do mês, mas os miúdos gostavam - nessa altura, a net ainda era novidade para a maior parte deles).

O nome da página - RacioMat - foi proposto por um deles entre outras propostas e escolhido quase por unanimidade em votação nessa turma e na minha outra.

Numa fase logo a seguir, constituiu-se um grupo de alunos voluntários que assumiram dinamizar a página. Mas ninguém na turma podia concorrer ao referido concurso, pois era condição para que fosse integrado um problema por eles trazido que todo o grupo soubesse previamente não só a resposta, como também explicá-la à restante turma (eles não se importavam de não poderem concorrer, sentiam-se todos co-autores da página).

Esse grupo empenhou-se nas suas responsabilidades até ao final do ano lectivo (em que partiram por terem terminado o 3º Ciclo). A página, que prosseguiu depois deles partirem, já está desactivada, mas guardo os ficheiros, pelo que posso deixar aqui a recordação desse grupo - recordação e saudades :)

(Filipe, Gonçalo, Luís, Nuno, Renato, Rudi e Sérgio - os nomes viam-se à passagem do rato)

Bem... agora viria o relato das decepções que eles teriam se eu não tivesse outra turma - só nesta havia concorrentes, mas ao menos o concurso funcionou com vencedores todos os meses, e até houve envio de uma ou duas curiosidades, por iniciativa de alunos da mesma. E não foi porque a página não estivesse divulgada, mas até na minha escola os colegas de disciplina se limitaram a manifestar contentamento porque "já temos uma página de Matemática", e depois, quanto aos alunos... ponto final. :(

Mas não entro por esse relato. Digo apenas que até havia uma dificuldade, que era o facto de os alunos nas escolas não terem acesso a mail, a menos que o professor os levasse a criar um hotmail - o que era moroso e não se justificava só por aquele concurso. (Contudo, havia outros meios - eu própria não gastava tempo com essa dificuldade, recolhia as respostas em papelinhos identificados, e o carácter de concurso tinha um efeito desafiante para os miúdos)
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(*) Cheguei a fazer uma sessão de FrontPage numa hora fora dos nossos horários para o grupo referido, apenas para terem uma ideia. Um dos alunos foi para casa decidido a construir e alojar uma página pessoal, o que fez com a minha ajuda por emails que andaram para cá e para lá - levou pouco tempo e a sua página ficou interessante e útil para colegas e amigos dele.
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Adenda

Mais tarde, o concurso deixaria de ter problemas exigindo alguns conhecimentos de matemática, para passar a requerer só raciocínio, designando-se Lógica para Todos, e passou a funcionar também no placard da nossa sala de mat. Tornou-se popular nas turmas das colegas que passaram a "alinhar" e me deixavam as respostas no armário da sala.

Acrescentei esta referência porque passou então a ser frequente alunos fraquitos acertarem e tornarem-se muito assíduos a concorrer, enquanto acontecia bons alunos errarem. E, no último ano em que funcionou, o primeiro dos três vencedores do ano (também havia esse apuramento) foi um dos meus alunos mais fraquitos, que teve um sorriso de orelha a orelha quando recebeu as palmas da turma.

(Mas não vou "dissertar" sobre nada disto...)

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Adenda 2

A propósito da nota de rodapé (alusiva à construção de uma página pessoal por um dos alunos), lembrei-me de que o meu neto, agora também a iniciar o 9º ano, criou um blogue há uns meses atrás sem precisar de ajuda, pois agora basta seguir os passos indicados e ele surge quase automaticamente. Mas disse-me, passado pouco tempo, que o abandonara porque não sabia o que escrever nele. Decerto não dirão o mesmo os adolescentes e jovens que tenham passado por experiências tais como as conduzidas pela 3za - como se pode ver aqui e aqui -, ou pelo Pedro - referidas aqui e aqui.

domingo, setembro 02, 2007

Memórias do uso das TIC na sala de aula - I

Uma questão de perspectiva

Passada meia dúzia de anos ou pouco mais, as minhas modestas memórias tornaram-se desactualizadas e toscas face à recente quantidade de novos recursos de fácil acesso e utilização. No entanto, não mudaram as diferentes perspectivas em que podem ser encaradas e utilizadas as TIC no ensino. Não mudaram porque não são as novas tecnologias que trazem em si as perspectivas e os objectivos com que podem ser usadas - isso está em cada um que as use.

Dispenso-me de citar autores que mais recentemente e com bem maior desenvolvimento colocam essa questão (colegas os têm citado na blogosfera), limitando-me a recordar a ideia essencial de um dos primeiros artigos que li sobre a mesma questão, ainda a minha escola não tinha quaisquer computadores a serem usados por professor com alunos. Perdi o artigo, também o nome do autor, mas a ideia não esqueci por ser uma das primeiras abordagens ao assunto que li. Alertava o autor para que "a introdução dos computadores na sala de aula" tanto poderia significar inovação, como poderia simplesmente perpetuar métodos tradicionais e estagnados introduzindo nestes apenas 'ambientes' e 'visuais' mais vistosos e modernos.

De facto, o envolvimento dos alunos na aprendizagem construindo-a de forma activa, a promoção da reflexão e o desenvolvimento de competências tão importantes como o espírito crítico não vêm embalados nas novas ferramentas. São, sim, objectivos que professores perseguiam sem essas novas ferramentas e continuarão a perseguir com elas, explorando as maiores potencialidades que, sem dúvida, as mesmas oferecem - e aqueles que eventualmente se contentem com ser meros transmissores de conhecimentos a turmas algo passivas continuarão iguais, ainda que com ferramentas actuais.

Ora, da parte do actual ME, vieram anúncios de investimentos (ou intenções de investimentos) na formação dos professores no âmbito das TIC. Claro que, antes de mais, os professores precisam de aprender a manejar as novas ferramentas. Mas isso, a meu ver, não basta. E, se é verdade que o professor reflecte, repensa, evolue e assume a sua formação contínua, também é verdade que tem direito a uma formação inicial e à existência de acções de formação posteriores que, no domínio das TIC, lhes abram perspectivas do uso das mesmas no sentido de elas contribuirem para maior e melhor alcance dos objectivos acima referidos. E, pelo que conheci das ditas acções de formação, já existentes, (conheci pouco diretamente, mas vi guiões e ouvi relatos), a maioria tem-se destinado a que os formandos aprendam a manejar programas e outros recursos de modo alheado a (ou independente de) perspectivas da sua aplicação no processo de ensino-aprendizagem de forma efectivamente inovadora - a aprendizagem 'técnica' já é alguma coisa, poupam muitas horas a deslindar por si, só com umas dicas de amigos, mas é pouco.

(Não haverá que inovar também no que respeita a certos promotores de acções de formação cujos pelouros parecem intocáveis, bem como a alguns "eternos" formadores?)

sábado, setembro 01, 2007

Blogue regressando de férias

O meu blogue termina as férias pois não deixa de me fazer falta um cantinho onde me sentar de vez em quando para escrever ou simplesmente deixar... enfim, nem que seja uma canção (ainda que depois me esqueça de vir mudar o "disco").

Eu sei que se quiser um blogue não apenas para recanto comigo mesma, mas para alguma partilha, intervenção ou combate (ainda que de visualidade muito limitada), ele terá que ter uma postagem regular e frequente. Mas não penso nisso e decidi assumir de uma vez por todas este cantinho como de escrita espaçada, incluindo a retoma de uma ou outra memória de prof, sem compromisso comigo mesma sobre maior ou menor frequência - esta será a que acontecer, e pronto.

Já terei dito mais do que uma vez que a política de Maria de Lurdes Rodrigues e Compª me afastou de memórias de professora pouco depois de iniciar o blogue porque o clima provocado nas escolas tornou aquelas, a meu ver, pouco oportunas. Também, posteriormente, deixei de ter alunos, os quais sempre nos dão motivo para escrever 'memórias' não de ontem, mas de hoje. Mas não seria honesta se omitisse que, juntamente com as medidas da actual ministra, também me desmotivaram, no meu último ano de ensino, o conformismo, seguidismo ou extremo zelo de muitos professores e presidentes de ce, aumentando nomeadamente a burocracia que já de si algumas medidas comportavam, em vez de, com iniciativa, criatividade e ausência de excessivos medos, a simplificarem tanto quanto possível.

Agora, passado um ano lectivo da "ressaca" de tudo isso, já penso retomar algumas memórias. Mas de vez em quando, consoante me venha vontade ou não.

Em suma, este passará a ser um blogue assumido como de postagem espaçada - se se tornar ao menos semanal (após uns escritos de arranque agora), tanto melhor, já será uma boa meta para mim -, mas sem obrigações comigo mesma, ao sabor de motivação que me venha ou não venha.