sábado, junho 30, 2007

Divulgando uma iniciativa de alunos




Foram alunos da
Teresa. Através da blogosfera, vi desenvolver-se a sua Sala 16. Esta continua activa e lançou agora a iniciativa Concurso Verão&Poesia. Deixo o meu pequeno contributo para a sua divulgação. Ver aqui.

quarta-feira, junho 27, 2007

Eles...

Há bastante tempo que este cantinho anda com pausas e intermitências, pelo que será natural que a semana do dizer bem fique com um número de postagens muito escasso - o contrário seria forçar a escrita quando ainda não recuperei mais disponibilidade (seja esta de tempo ou mental).
No entanto, eles vieram-me ao pensamento - eles, os alunos que já não tenho, mas que foram tanto, tanto na minha vida. Vieram ao pensamento alunos individualmente, logo a seguir turmas, acabando por virem todos mesmo que a memória já os não distinga. Mas eu sei que em cada leva os distinguia todos, todos - todos diferentes, todos particulares, todos únicos. Alguns, é certo, a ocuparem mais o pensamento da professora/directora de turma, a precisarem de maior atenção por este ou aquele motivo ou circunstância, até mesmo o excelente aluno que não dá qualquer preocupação mas que acontece estar numa turma daquelas assim medianas - quase todos a andarem pelos mínimos -, para quem é preciso também diferenciar estratégias para que não deixe de ir tão longe como pode e deseja ir.

Vezes sem conta tive momentos em que me encantei, uma vez mais a ultrapassarem as minhas expectativas naqueles desafios que lhes fazia, naquelas iniciativas em que os metia, como se isso fosse novo, como se não estivesse já habituada a isso (mas estava). E como era também linda a cooperação que se estabelecia entre eles, uma vez adquirida aquela dinâmica do trabalho em grupo!
Algumas turmas, sobretudo nos últimos anos, mais difíceis? Sim, é verdade, mas agora era 3º Ciclo e não 2º, e acho que foi também nos últimos anos que eles próprios aprenderam a dizer "stôra, estamos na adolescência..." :-)

Gostava de saber escrever-lhes um poema. Como não sei escrever poemas, deixo apenas as minhas saudades. E este recordar, nesta semana do dizer bem.

segunda-feira, junho 25, 2007

Do bem que não é falado...

«No terreno, ao percorrermos, durante décadas, centenas de escolas de Portugal, encontrámos incógnitos heróis, espalhados por essas salas de aula; falámos com educadores que nada pedem e tudo dão. E, a par de alguma (inevitável) poluição (Onde está a "Etar"?), encontrámos oceanos povoados de humanismo e de fascínio.»

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In Álvaro Gomes (2006). Blues pelo Humanismo Educacional?. Edições Flumen.

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P.S.:

A variação de estado de espírito entre os meus três posts de hoje tem a ver com a dificuldade em corresponder (mas eu até queria alinhar) à proposta da Idalina Jorge, que pode ser recordada aqui (A semana do dizer bem), e que é uma proposta muito saudável mas, nas presentes circunstâncias, deveras difícil de concretizar!


Desculpem lá, mas não sou capaz de passar a semana só a dizer bem!!! Ora vejam isto...

Pensava eu que tinha conseguido mandar embora o mau humor, como se prova no meu post anterior. Mas logo uma horinha depois vou ao blogue do Paulo Guinote e leio estas notícias!
Se há assunto que me põe a ferver é isso do professor generalista para o 2º Ciclo, e cada vez o panorama parece pior.

Sim, há muita iniciativa positiva, e há muitos professores maravilhosos, mas a verdade é que isso tudo junto não tem força contra as confusões e descalabros a que estamos assistindo.

Pronto, vou mas é tentar, durante esta semana, ler só as coisas boas. Prometo que, depois, tentarei fazer uma lista para publicar.

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Adenda

Desculpem os meus impulsos.

Já passou...

Uma opção que admirei

Neste ano lectivo que agora finda, aposentada, o meu contacto com as coisas da escola confinou-se muito à blogosfera. Mas nela, incluindo divulgação e links para iniciativas, li muita coisa que vai fazendo manter a esperança na acção educativa. O meu post anterior reflecte o tal olhar que não gosto de ter reparando na garrafa meia vazia, mas, na realidade, também não faltam recheios para uma semana do "dizer bem".

E, embora não seja muito o meu género personalizar o que admiro, vou fazer uma referência especial à decisão da
3za (por acaso do meu grupo disciplinar) cujo amor, entusiasmo e dedicação pelo ensino e pelos alunos se sente em cada post que publica. A decisão que refiro foi a de não concorrer a titular, e as razões para tal encontram-se em vários dos seus posts, nomeadamente aqui e aqui. (Desculpa, Teresa, se achares que esses dois posts não são os mais significativos - eu achei que dizem tudo...)
Não interessa se eu me interrogo se não seria possível, em vez dessa decisão sem efeito nas actuais normas e apenas prejudicando pessoalmente, lutar depois, quando titular, pelo direito a continuar a trabalhar principalmente com os alunos. Também não interessa o que eu decidiria se me tivesse confrontado com a situação. (Aliás, não sei dizer o que faria, não tive que reflectir sobre isso) A verdade é que a Teresa optou de acordo com a sua vocação e com o que pensa da "carreira" de titular, mas essa opção não deixa de a afectar em dois aspectos: Um, o material, em termos de remuneração; outro, o impedimento de continuar com uma vertente de trabalho que, embora não sendo sentida como primordial, não deixava de complementar uma realização profissional através da formação de professores, para a qual sempre foi solicitada ou eleita e para a qual se conhece bem a sua aptidão e o seu contributo.

Há pessoas que contribuem fortemente para que consigamos manter as nossas melhores crenças, nomeadamente na educação das nossas crianças. A Teresa Marques é uma delas.

Um graaaande beijinho, Teresa!

domingo, junho 24, 2007

...

Ando farta, enjoada. Este país parece uma farsa (mas um tanto trágica).
Agora nem é por precisar de pausa que não me apetece escrever. É porque a política educativa me põe de mau humor, lembrar-me de certas mazelas das escolas também. E escrever de mau humor é negativo, não gosto.
2ª feira começa a semana do dizer bem, como propôs a Idalina Jorge. Estou desejosa de ler posts a dizerem bem de coisas relacionadas com o sistema de educação-ensino, pode ser que me inspirem...

Desculpem-me, colegas que leiam estas linhas. Eu sou muito persistente na esperança (nem que seja só a médio ou mesmo a longo prazo), defendo o pensamento positivo e isso de ver a garrafa meia cheia e não meia vazia, mas de vez em quando também sofro de enjoos e preciso de deitar umas coisas para fora... Mas pronto, venha depressa essa semana do dizer bem!

quarta-feira, junho 20, 2007

Afinal o plano para a Matemática era só para o 3º Ciclo, ou MLR está baralhada??

Comecei por pensar que a minha memória estava equivocada e até fui pesquisar notícias antigas. Mas não, não estou enganada, o plano de acção para a Matemática foi mesmo previsto para 2º e 3º ciclos.
Então, o que aconteceu entretanto? Será que esqueceram todos o 2º Ciclo porque no 3º é que havia a "grande prova", o exame? Isto está a fazer-me cócegas na mente, mas devo ser eu que me prendo a "pormenores". É melhor esquecer o assunto e deixar votos para que, no próximo ano lectivo, a aprovação de novos planos (novos, pelos vistos) e o respectivo financiamento venham mais atempadamente do que aconteceu no corrente ano.

terça-feira, junho 19, 2007

"Sem partido que o incomode"...

Regresso ao país e leio um artigo de António Barreto enviado pela Amélia Pais. Nem costumo gostar muito do que escreve A.B., mas, na minha opinião, este retrato que faz é lúcido e certeiro.

«(...)
Onde estão os políticos socialistas? Aqueles que conhecemos, cujas ideias pesaram alguma coisa e que são responsáveis pelo seu passado? Uns saneados, outros afastados. Uns reformaram-se da política, outros foram encostados. Uns foram promovidos ao céu, outros mudaram de profissão. Uns foram viajar, outros ganhar dinheiro. Uns desapareceram sem deixar vestígios, outros estão empregados nas empresas que dependem do Governo. Manuel Alegre resiste, mas já não conta.
(...)
Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e sem oposição à altura, Sócrates trata de si. Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns interesses económicos, Sócrates governa. Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do Estado. Nomeia e saneia a bel-prazer. Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos. É possível. Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta de carinho dos portugueses pela liberdade.»

Texto na íntegra pode ser lido aqui.

Regresso a casa




Uma vista da varanda da casa onde ficaram as minhas saudades, parte do coração sempre lá pelo pensamento que não conhece distâncias...

sexta-feira, junho 15, 2007

Mas o que é isto?! "Que já me querem cego, surdo, mudo"...

Mas o que é isto?!
É processo disciplinar por graçola sobre um primeiro ministro; é convite de exclusão por comentário a palavras de uma ministra; é uma direcção regional a guardar "tudo o que tem saído na comunicação social, nos blogues, ..."; é a táctica intimidatória quando é convocada uma greve; é a ameaça em mesa de negociação; é o abuso do poder, o pontapé na Constituição da República, a punição a quem adoeça...

Ninguém trava estes ditardorzinhos de meia tigela? É que se lhes dão corda, eles não param!
Que se passa? Medos?

É a medo que escrevo. A medo penso.
A medo sofro e empreendo e calo.
A medo peso os termos quando falo
A medo me renego, me convenço.

A medo amo. A medo me pertenço.
A medo repouso no intervalo
De outros medos. A medo é que resvalo
O corpo escrutador, inquieto, tenso.

A medo durmo. A medo acordo. A medo
Invento. A medo passo, a medo fico.
A medo meço o pobre, meço o rico.

A medo guardo confissão, segredo.
Dúvida, fé. A medo. A medo tudo.
Que já me querem cego, surdo, mudo.

José Cutileiro, Os medos, in Versos da mão esquerda, 1961.

quarta-feira, junho 13, 2007

Sanções por delito de opinião - Ainda o caso da APM

Faço uma pequena interrupção no meu intervalo para deixar a notícia que a Maria Lisboa me fez chegar. Ler aqui.
É tempo de acabar com o silêncio complacente sobre a atitude de represália da actual equipa do ME e seus colaboradores face a opiniões críticas. Aguardemos...

sábado, junho 09, 2007

Intervalo


Renoir (1906). La promenade

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Marchando no tempo,
antes de tudo e após tudo,
soberbo, o silêncio.
Alexei Bueno

quarta-feira, junho 06, 2007

Quando o exemplo de cima é propício...

Quando entro em intervalo ou pausa surgem sempre acontecimentos que me batem na cabeça não me deixando ficar em silêncio.
Ainda não deixei de pensar no caso de que, como outros colegas, tive conhecimento ontem logo pela manhã. A notícia (de Fevereiro) "Com leucemia - obrigada a dar aulas" pode ser lida aqui, não a transcrevo pois já foi divulgada na blogosfera. Transcrevo, sim, esse desabafo de enorme e justificada revolta pelo qual conhecemos o triste desfecho do caso, e que o colega Francisco me deixou ontem num post meu que oportunamente encontrou intitulado "Isto já não é só arbitrariedade prepotente, é demência (e violenta)":

"Apenas vos queria comunicar que essa professora, a minha colega Manuela Estanqueiro, foi hoje a enterrar às 15.30h no Cemitério de Cacia, em Aveiro.Estou REVOLTADO. Nem sabem o que me apetece fazer.Agora percebo porquê que às vezes lemos nos jornais casos de ajustes de contas a tiro.Por muito menos o fazem, por muito menos.Desculpem a crueldade mas, dizer menos que isto, era lutar contra um sentimento de justiça que me atormenta e é bem mais forte.Estou ENOJADO.ENOJADO!!!!!!!!!!!!!Francisco"

Quando, de cima, escasseia o exemplo de moral ou ética e de sensibilidade humana, não é de admirar que se propague um clima propício a que se aliem ao excesso de zelo servil tendências para exercício prepotente de pequenos poderes, tendências essas que podem tocar impunemente as raias da crueldade, como no caso acima citado, além de, como noutros casos de que vamos tendo conhecimento, darem largas à delação, a disfarçadas perseguições, à instalação de um ambiente de medo, enfim, a pelouros onde imperam tendências autocráticas de indivíduos que apenas esperam climas favoráveis a exercê-las.
Termino repetindo apenas o título deste post: Quando o exemplo de cima é propício...

segunda-feira, junho 04, 2007

Paisagens tranquilas (para intervalo)

Desconheço os nomes significativos das artes deste país onde estou, mas achei graça ao encontrar na net, em página suiça, a referência a esse autor abaixo como "Un peintre politiquement incorrect", embora o quadro que dele deixo tenha apenas a ver com o título deste post e nada revele de política[Livra! Não me ia meter por aí! ;-)]


O.Gonet. Une escale sur le lac Leman


E, já agora, mais um(a) artista destas paragens onde tudo parece sempre calmo (numa estranha coexistência pacífica entre a banca e a política social)...


Jacqueline Bachmann (2003). Reflet estival

sábado, junho 02, 2007

Estou em atraso...

Acho que não devo adiar mais a minha resposta a este desafio, apesar de continuar em pausas e intervalos, também com pouca assiduidade em termos de visitas excepto a quatro ou cinco vizinhos. Aliás, face à disponibilidade/prioridades que tenho, há bastante tempo que as minhas rondas se limitam à "blogosfera docente" e, mesmo nesta, haverá bastantes blogues que ainda não calhou conhecer.

"Thinking Bloggers"? Bem, eu penso muito, pensar é até um vício ou mania que tenho, mas acho que as minhas escolhas "bloguistas" se guiam sobretudo por afinidades e também por procura de informação que me mantenha actualizada.

Mas, deixo-me de mais paleio prévio e aqui vão as minhas maiores pendências...

- OutrÒÓlhar, do Miguel Pinto, pela dinamização de debate que procura fazer, pela crença e defesa persistente de um modelo de escola pública com que me identifico, e também por esse elo que criei com alguns dos colegas que conheci na blogosfera.

- Da crítica da Educação à Educação Crítica, do Henrique Santos, pela afinidade que tenho sentido com os seus ideais sobre política educativa e não só educativa, pela sua intervenção forte e persistente, enfim... é também um blogue cujo acompanhamento não dispenso.

- Tempo de Teia, da Teresa Marques, pelo dinamismo, gosto de partilhar, amor pelos alunos, enfim, pela dedicação que revela, também pela persistência no optimismo e na confiança, e ainda porque me traz memórias e me faz sentir que pugna na prática docente por coisas muito parecidas com aquelas em que acreditei e por que também pugnei.

- O Canto do Vento, da Matilde, porque nesta sinto serenidade, tempo para poesia, também porque a sinto na blogosfera assim como vizinha amiga.

- A Educação do meu Umbigo, do Paulo Guinote, porque, ainda que nem com todas as suas ideias esteja de acordo, considero que o seu espírito de análise e os conteúdos dos seus fluentes textos têm sido um contributo notável na blogosfera.

Ai... já foram os cinco! Desculpem, desculpem ultrapassar o limite, mas não consigo deixar de referir...

- Terrear, do José Matias Alves, porque... pronto, acho que é mesmo um thinking blogger;

- Chora que logo bebes, da Madalena Santos, por aqueles posts que me fazem sentir tantas afinidades com ela;

- Ao longe os barcos de flores, da Amélia Pais, não só por ser um canto que diariamente proporciona poesia - em verso e em prosa -, mas também porque, paralelamente ao seu blogue, a Amélia, como eu na situação de aposentada, continua atenta e activa sobre as questões de educação/ensino, alertando e partilhando; pela poesia e não só, obrigada, Amélia!


- E ainda uma palavra para o Miguel Sousa, do
Educar para a Saúde e do Escolaridades, pelas espontâneas denúncias na defesa veemente de uma escola pública que não instrua apenas, mas também eduque, com, por vezes, "iras" impulsivas que mais não são do que leve capa de um coração que suspeito de ouro, amando a escola de facto pelos alunos.

sexta-feira, junho 01, 2007

No dia da criança... para as minhas crianças

Quando eu for grande quero ser
Um bichinho pequenino
P'ra me poder aquecer
Na mão de qualquer menino

Quando eu for grande quero ser
Mais pequeno que uma noz
P'ra tudo o que eu sou caber
Na mão de qualquer de vós

Quando eu for grande quero ser
Uma laje de granito
Tudo em mim se pode erguer
Quando me pisam não grito

Quando eu for grande quero ser
Uma pedra do asfalto
O que lá estou a fazer
Só se nota quando falto

Quando eu for grande quero ser
Ponte de uma a outra margem
Para unir sem escolher
E servir só de passagem

Quando eu for grande quero ser
Como o rio dessa ponte
Nunca parar de correr
Sem nunca esquecer a fonte

Quando eu for grande quero ser
Um bichinho pequenino
Quando eu for grande quero ser
Mais pequeno que uma noz

Quando eu for grande quero ser
Uma laje de granito
Quando eu for grande quero ser
Uma pedra do asfalto

Quando eu for grande...
Quando eu for grande...

Quando eu for grande quero ter
O tamanho que não tenho
P'ra nunca deixar de ser
Do meu exacto tamanho


José Mário Branco, Quando eu for grande (Carta aos meus netos)